top of page

Puerpério: como o Yoga me ajudou a passar por ele.

Atualizado: 6 de fev. de 2022


Puerpério é definido como a fase pós parto, em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas, fase esta que compreende desde a data do parto até seus órgãos voltarem ao estado pré gravídico, o que dura, de forma variável, em torno de 3 semanas.


De acordo com a minhas experiência, puerpério, não tem tempo definido e é a fase de reconstrução da mulher, não só do corpo físico mas também do emocional, psicológico, da vida social, profissional, e sim, de se reconhecer novamente como mulher e não apenas como mãe.


É também nesse período que nos deparamos com o confronto entre as expectativas que alimentamos durante a gestação e a realidade trazida pela chegada do bebê. A idealização e a culpa por nossas falhas e limitações, somos humanas afinal. E da reação frente as nossas dificuldades, enquanto puérperas, em conciliar as tarefas do dia a dia, o que inclui inclusive nossas necessidades fisiológicas, com a maternidade.


Em estudos a maior parte das mulher costuma caracterizar o puerpério como cansativo, agitado, mais difícil do que imaginavam e diferente do que consideravam ideal, também falam sobre a dificuldade de realizar as atividades rotineiras, de fazer tudo acompanhada do bebê ou ainda ter que lidar com o palpite dos familiares e amigos.


Portanto é nítido que nesta fase a mãe precisa não só de preocupações com seu filho mas um olhar atento também direcionado para ela, recém nascida.


As puérperas vivenciam desde a redução das horas de sono até a perda de sua autonomia. Além de uma série de sentimentos novos, que são fundamentais para nossas decisões a partir deste momento.


Entre esses sentimentos nos deparamos com a dificuldade na separação dos bebês, que são inteiramente dependentes de nossos cuidados como mães, por esse motivo acabamos optando por renunciar atividades como: cuidados com aparência, trabalho (ainda mais no cenário de mães autônomas), atividade física, vida social e as tarefas domésticas. Sendo assim, a mulher passa por uma intensa mudança em sua rotina e em seus hábitos, que são reajustados de acordo com os horários do seu bebê.


É possível refletir sobre a dificuldade que as mães encontram ao assumir seus conflitos em relação aos cuidados do filho? Visto que ela acaba de assumir o papel de mãe — papel este que no inconsciente coletivo carrega uma série de responsabilidades e, acima de tudo, um amor incondicional ativado pelo instinto materno.


Como seria, então, para a mulher admitir que ela tem outras necessidades ou até prioridades, além do desejo de estar com o filho e de suprir todas as suas necessidades?

Para Maldonado (2002) a mulher contemporânea, que cultiva interesses diversos sejam eles profissionais, pessoais ou sociais, o fato de ter um filho acarreta consequências significativas. Privações reais, afetivas ou econômicas, aumentam quadros de estresse, depressão e ansiedade, intensificam a dualidade de sentimentos. A preocupação com o futuro aumenta a sua ansiosidade, gerando em consequência, sentimentos que a impedem de encontrar gratificação na gravidez.


Mas será que se discute de forma necessária e aberta sobre a vivência do puerpério e do nascimento desta mãe?


De forma que os homens também tenham acesso as informações de como este é um período de conflitos em que se alternam na mulher sentimentos de alegria, medo, alívio, ansiedade, realização, dúvidas, entre outros. E possam se munir de conteúdo para ajuda-las.


Um dado que pode ser considerado importante é que nove das dez que relataram que contaram com a ajuda do companheiro nesse período, foi ação fundamentalmente positiva para seu bem-estar físico e emocional, além de ser fator essencial para o desenvolvimento saudável da criança. Portanto, mamães com pai ausente, tem um trabalho interno e externo, redobrado!


E o mais importante!


Será que essas informações tem o foco na mulher contemporânea? Que atua de diferentes formas dentro da sociedade moderna e conquistou, ao longo de toda uma história, sua autonomia?


Como nós mulheres, que já são mães ou para aquelas que carregam em Si esta vontade, podemos encontrar abrigo e segurança nesta fase? Onde buscamos força para manter a calma, em meio ao caos, e organizar as ideais, a vida e o planejamento futuro?

Como uma alternativa para encontrar a sanidade mental emocional e física, temos a prática de Yoga e meditação.


Compartilhando a minha história…

Eu adotei Yoga como um estilo de vida em 2015, quando compreendi o que realmente significava, e de la para cá, os estudos são contínuos, não apenas no material, na filosofia ou a teoria, mas na prática, olhando para minhas sombras e limitações. Não estou falando apenas de uma prática física com posturas mirabolantes. É uma postura interna, que podemos exercitar nas tarefas rotineiras.

É silenciar a mente, os pensamentos persistentes, para ouvir nossa sabedoria ou o silêncio que revigora nosso ânimo. E tudo isso está dentro de nós.


Não é fácil, mas é simples, basta acreditarmos no nosso potencial de autocura.


Meu filho nasceu em 2019, durante a gestação passei por altos e baixos, visto que estava retomando minhas atividades de profissional autônoma quando descobri a gravidez. Muita insegurança, ansiedade e medos fizeram parte da minha jornada de 40 luas até o nascimento do meu menino. Após o parto passei pelo temido (pelo menos para mim) Baby Blues, durante quase 1 mês.


No puerpério a sensação é de que eu estava em pedaços, não me reconhecia mais, sentia apenas a presença de traços da Mayara de antes, aquela que levei anos para aprimorar. Vivi uma fase de luto pela menina que estava morrendo para dar espaço para a Mulher-Mãe. E assim como meu filho, me senti chegando ao mundo, com TUDO a ser aprendido.

Busquei ajuda na espiritualidade, que sempre fez parte da minha vida, na entrega à sabedoria maior.


E no Yoga, mesmo com a limitação física da quarentena, buscava meditar, me observar, entender todos os sentimentos que estavam chegando: a culpa, a raiva, o medo, a insegurança, as crenças limitantes sobre financeiro, sobre a minha capacidade de criar e educar esse serzinho. Observei e aprendi também sobre o amor — ah, o amor! Essa lição, minha gente, compensa todas as outras.


No Yoga encontrei o equilíbrio para sair da melancolia, já que eu não me sentia bem para compartilha-la com ninguém (nem com o meu marido ou com meus pais e irmã, que se fizeram presente em tempo integral por muitos dias após o nascimento do bebê).

Busquei ajuda dentro de mim para acalmar as crises de choro, foi através da força do Yoga que olhei para cada sombra que apareceu, levando luz, compreensão e compaixão. E ao abraçar minhas limitações, encontrava a resposta necessária para aquele momento, mesmo que ela fosse: “apenas respira!”.


No Yoga busquei sobre a importância em viver o momento presente, aceitando que tudo é passageiro. As noites mal dormidas ou nem dormidas, o desespero de mãe de primeira viagem com o filho chorando de forma inconsolável, os sentimentos pesados. Também aceitei que os primeiros meses de vida do meu grande amor, iriam passar, e eu gostaria de ter as melhores recordações disso, mesmo sentindo em todos os aspectos do meu Ser o caos que se estabelecia durantes muitos momentos.


Foi com o Yoga que, aos poucos, fui retomando meus alongamentos para sentir meu novo corpo vivo, com marcas e a cicatriz do meu novo Eu. Entendendo meus novos limites, recuperando minha autoestima — no meu Instagram falo sobre como lidei com a mudança da minha aparência física com meus 20kg a mais — recuperei meu carinho por mim e minha segurança para voltar as atividades do dia a dia, mesmo sabendo que eu planejaria meu próximo dia enquanto estava acordada olhando o bebê dormir. E, possivelmente, meu planejamento iria por água abaixo, pois as mamães sabem: cada dia é um dia, esse papo de rotina muitas e muitas vezes não rola! Aqui também entra o Yoga, a respiração profunda, a determinação e a persistência de quem sabe que será necessário ser muito flexível e assim tentar e tentar de novo!


Já sei, a pergunta que não quer calar — Como tenho tempo para fazer Yoga? Já que passo horas entre mamas, fraldas, cólicas, choros ou paralisada com os sorrisos e as expressões do pequeno dormindo.


Você pode praticar Yoga enquanto faz seu filho adormecer, enquanto canta para ele, enquanto respira na mesma velocidade dele ao pegar no sono, quando agradece cada segundo do seu dia, que saiu todo ao contrário do planejado. Pode praticar Yoga com o bebê no colo, no sling ou ao seu lado.


O Yoga tem benefícios emocionais e psicológicos, para que possamos viver de forma completa a relação entre mãe e bebê. E construir laços saudáveis com a maternidade, iniciando pela gestação, passando pelo puerpério, amamentação e todas as fases seguintes, é fundamental! Pois jamais uma mulher vai viver essa transformação e sair dela ilesa, devemos saber quais as lembranças e aprendizados que queremos ter das experiências vividas.


Mãe!


Sua calma, seu equilíbrio, você inteira, completa em todos os níveis da sua vida, vai com certeza contribuir para que seu filho ou filha, tenha um excelente desenvolvimento, fisiológico, emocional, psicológico e humano.

Seu bem estar não tem preço.


Ninguém que está pela metade pode se dedicar completamento ao outro, mesmo que ele tenha saído de dentro de você.




Comments


bottom of page